domingo, 26 de setembro de 2010

Domingo Seco

Entram em mim memórias do passado aqui vivido. Não são prazerosas,não são agradáveis , não são positivas , antes pelo contrário . Numa palavra , oprimem - me. Já hoje pensei , algumas vezes , quando sairei daqui e ainda mal me instalei. Mal , sim, muito mal por sinal , em todos os sentidos , como tenho tentado escrever , mas ao mesmo tempo penso que este mal - estar se deve em muito porque não posso mudar a natureza das pessoas nem alterar , de um momento para o outro , o estado das coisas e , além disso , muito , mesmo muito , quase tudo , diria , está fora do meu controlo.

Por tudo isto , acordei indisposto e infelizmente deixei transparecer isso à minha mãe em quem às vezes descarrego todas as minhas frustrações e infelicidades. Ela tem as suas responsabilidades como é óbvio , dado que foi um dos pilares da minha educação mas não a posso culpar do meu actual desacerto e do desencontro que tenho agora com a vida e comigo mesmo.

Saí para uma volta de bicicleta num misto de exercício físico e numa tentativa de libertação da opressão que o tempo e o espaço têm exercido sobre mim. Pedalei talvez durante mais de hora e meia mas imediações da Pocariça , numa bicicleta «roubada» ao meu sobrinho , mal adaptada ao meu corpo , mas que , mesmo assim , ajudou a dissipar as nuvens cinzentas que pairam sobre mim.

Devo ter tomado um duche e depois , em silêncio e só , almocei. Fechei os olhos por um bocado tentando imitar as minhas rotinas de Águeda , em busca de um pedaço de sossego . 

Com a televisão ligada , como pano de fundo , tentei dormitar. Terei passado pelas brasas um bocado e a seguir tomei um café e iniciei uma pequena arrumação ao escritório/ biblioteca na esperança de libertar um espaço para as minhas pastas de arquivo. Pouco ou quase nada consegui. Ordenei apenas alguns livros , limpei o pó a outros , rearrangei umas  prateleiras mas o objectivo a que me propusera mal foi alcançado.

Fui ainda ao Forte cumprir uma rotina herdada de uma irmã que se demitiu de um dia para o outro das funções que exercia : rega e manutenção da piscina .Agora tento eu cumpri - las , o melhor que sei e que posso . À piscina ainda nada fiz , porque não sei o que fazer mas , vou regando e limpando o jardim ... É pena , vejo agora , que se deteriore aquele espaço , mas se tiver que assim acontecer assim será.

O sol pôs - se alaranjado no horizonte lá para as bandas da praia de mira. Uma merda , penso. Estou farto de sol e de dias azuis. A seca não ajuda o campo , a falta de água nota - se com especial acuidade por estas bandas . Apesar de aqui ainda não haver  qualquer actividade agrícola produtiva , a água é necessária para conservar a relva e algumas plantas. 

Pior , muito pior , seria se dependesse da agricultura para sobreviver. Nesse caso a água tornar - se - ia crucial , de decisiva importância.

Os dias azuis e límpidos , bons de gozar e de viver , são o lado bom de um fenómeno mau. As alterações climáticas são já uma realidade sentida com sofrimento .

Ainda penso ir ao cinema mas tudo é longe aqui, tudo aqui fica longe ; mesmo a cozinha quando dela preciso , quanto mais o cinema , o ginásio ou o convívio com pessoas.

Estarei doido ? Serei doido? O que faço aqui?!...

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