segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Questões de linguagem ou talvez não

"Mataste o homem."

Tinha ido à mercearia local , onde também se vende a sorte da santa casa e estas palavras foram proferidas assim , à queima roupa. Ao princípio levei a coisa como uma brincadeira ( de mau gosto ) que algumas pessoas , por estas bandas, usam um pouco. Por isso não dei grande importância à coisa.

Não me lembro bem se estava sol. Não chovia , disso lembro-me ! O Zé Augusto saiu da loja e ainda falei com ele cá fora sem que fosse preciso guarda-chuva. Por isso , realmente , não chovia. Não sei porque razão não esclareci , logo ali , aquelas palavras. Sou de um género de pessoas que gosta de trilhar o caminho mais difícil.

O homem, o tal que eu tinha morto , acabara de ser internado no hospital. Tem setenta e oito ou setenta e nove anos e , segundo se diz , tem um tumor na cabeça.

Cresci numa modesta aldeia de Portugal onde o nível de educação e cultura foi muito baixo . Quando fui pequeno , não havia televisão , poucas seriam as pessoas que tinham rádio e muitas , tão pouco , sabiam ler e escrever.A qualidade da comunicação não podia ser a melhor. Ainda hoje existem , por aqui , nas pessoas com mais idade , resquícios desses tempos.







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