terça-feira, 12 de janeiro de 2016

David Bowie [1947-2016]

Há três dias comovi-me ao ouvir, no Spotify, o novo disco de David Bowie. Foi um instante muito breve. O disco é magistral e o prazer da música sobrepôs-se, enquanto o ouvia, a quaisquer outras considerações. Mas por um brevíssimo instante senti que o que estava a ouvir não era importante apenas do ponto de vista musical. Estava a testemunhar o vigor criativo de um homem que já mudara a música popular por diversas vezes e que, no dia em que fazia 69 anos, lançava um disco em ...que, uma vez mais, não se repetia. Bowie ouviu uns músicos de jazz num pequeno clube nova-iorquino e alguns dias depois convidou-os a trabalharem com ele. Em suma, em vez de olhar para trás, olhava em frente, arriscava, recomeçava o caminho, como Sisífo. Comoveu-me brevissimamente essa lição de que é necessário a cada momento reinventar o modo como se empurra a pedra, montanha acima. Sabemos agora: ele tinha um cancro em estado terminal e estava a fazer o que deve ser feito quando se está vivo. Sem complacências. Agora compreendemos tragicamente melhor os versos da canção Lazarus: Look up here, I'm in Heaven, / I've got scars that can't be seen.


(Carlos Vaz Marques,11jan16,FB)




Sigo Bowie desde que me conheço com um misto de admiração e respeito que se tem por alguém, de facto, excepcional.
Diferente em tudo, que fazia, um inventor, sereno camaleão. De muitas coisas geniais, a quem ler, procurem o solo dele no concerto de NY após os atentados de 11 Set 2001.
Arrepiante!



(Mário Borges Coelho,11jan16,FB)

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