quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Não sei como lhe chamar. Crónica , conto , historieta,pequena história, uma coisa simples, portanto.
Era despois do jantar que normalmente ela ladrava. Talvez não fosse sempre à mesma hora , uma vez que nem sempre janto a hora certa , mas era no remanso da noite que a ouvia latir. Ao princípio, durante mais tempo e com uma firme intensidade sonora mas há medida que  os dias iam passando,  a intensidade do som dos latidos diminuiu e a duração também .
Julguei que comunicava com os ex companheiros de vadiagem e que estava em processo de separacao com a antiga vida. Olhava-me sempre com aqueles profundos e doces olhos castanhos , intrigantes mas sinceros , que sempre me desarmavam e dei por mim a pensar se , à semelhança do ser humano , os animais têm alma / espírito / compaixão .

sábado, 29 de setembro de 2018

«Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.»

Último terceto do tocante e belo 'Soneto de Fidelidade' de Vinicius de Moraes, que fala sobre o puro Amor que alguém nutre por outrem.

Lembrei-me do último verso , uma frase bastante conhecida , quando abrandei o passo e olhei o chorão , acabadinho de ser aparado . E que bonito ficou ! Todo charmoso , todo garboso , todo ufano com o 'cabelo' bem aparado e todo certinho ! Exactamente como nós , humanos , (os com cabelo) quando acabamos de sair do barbeiro: remoçados !
E essa frase tomou de assalto o meu pensamento . É mesmo como escreveu o Poeta , reflecti , mas relativamente a tudo ; não só ao Amor de um homem por uma mulher ( do Amor de uma mulher por um homem não sou a pessoa mais indicada para falar) mas a tudo o resto que nos atrai , emociona ou sensibiliza : tudo é ou pode ser infinito apenas enquanto dura . Seja esse 'infinito' uns minutos , umas horas , uns dias , uns meses, ...

Como a visão do chorão , que agora deixa que se veja a sebe da piscina , logo ali contígua e , mais longe um pouco , a vinha da quinta e depois , lá mais ao longe , outras vinhas , os pinhais e mais pinhais , o céu azul e tudo o que a imaginação nos permita.

"Quero que este instante dure toda a vida" , pensei então . Tempo ameno , céu azul , silêncio , paz interior , o 'Jimmy' deitado a meu lado como um cachorro bem comportado , parecendo até compartilhar comigo o momento e ... uma súbita e enorme vontade de dormir sobreveio.

Terei adormecido na sombra ampla do chorão , uns quinze minutos.

Eternos!




quarta-feira, 19 de setembro de 2018

eu como síntese das minhas três irmãs vivas... sim, não talvez?!... presunção , realidade , um misto das duas hipóteses ?.... ou genética , socialização, aculturação , fraternidade, família ( tão simplesmente)  ??!...




... a morte da Belitas parece ter desencadeado dentro de mim e dentro da família ,  uma libertação , um aliviar das dores, tristezas , ambiguidades , das não cumplicidades praticadas entre os vivos , um aligeirar da carga

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Jacinta Conceição ! Dificilmente haverá um nome mais português. Dei por ela entre 12 ou treze mulheres que pararam , sob a sombra da grande nogueira , para a merecida pausa da merenda. Deviam ser umas 12h30 , meio-dia e meio , mais coisa menos coisa. Os únicos dois homens presentes  , pai e e filho , ainda se ocupavam a carregar as caixas cheias de uvas para cima da camioneta e já todas elas se encontravam sentadas  , farnel na mão, sem lenços ou chapéus na cabeça , pernas distendidas e , evidentemente,  em conversa solta de língua afiada  . Compunham um harmonioso e tranquilo semi círculo no chão.
Jacinta Conceição ! Dificilmente haverá um nome mais português. Dei por ela entre 12 ou treze mulheres que pararam , sob a sombra da grande nogueira , para a merecida pausa da merenda. Deviam ser umas 12h30 , meio-dia e meio , mais coisa menos coisa. Os únicos dois homens presentes , pai e e filho , ainda se ocupavam a carregar as caixas cheias de uvas para cima da camioneta e já todas elas se encontravam sentadas , farnel na mão, sem lenços ou chapéus na cabeça , pernas distendidas , corpo relaxado e , evidentemente, em conversa solta de língua afiada . Compunham um harmonioso e tranquilo semi círculo no chão.

Cumpriram a  tarefa com notável eficiência e , antes de irem embora almoçar , "atiraram-me" para o meio daquele cansado mas alegre mulherio por eles contratado para as vindimas :
- " Olhem , meninas , aqui o Dr . é um homem solteiro " , disse o Tiago , virando-se para mim a sorrir

domingo, 9 de setembro de 2018

Filho de Viriato de Sá Fragoso e de Maria Isabel de Sá Lima Fragoso, ANTÓNIO FRAGOSO nasceu em 17 de Junho de 1897,na freguesia da Pocariça, concelho de Cantanhede, onde viria a falecer, a 13 de Outubro de 1918, vitimado pela gripe pneumónica que nessa época se abateu sobre toda a Europa.
A sua vocação para a música foi evidenciada logo aos seis anos, quando começou a aprender a ler pautas e a tocar piano com António dos Santos Tovim, seu Tio e médico em Cantanhede, figura com vasta cultura musical que teve uma influência marcante nesses primeiros anos da sua formação musical. Entre 1907 e 1914 concluiu na cidade do Porto o curso geral dos liceus e os dois primeiros anos do Curso Superior de Comércio, sem nunca ter deixado de aprofundar os seus estudos de piano, agora sob a orientação do Prof. Ernesto Maia. Aos 16 anos publicou e deu a primeira audição da sua primeira composição Toadas da Minha Aldeia muito aplaudida pela crítica musical. Algumas notas biográficas referem que teve que vencer uma certa resistência dos Pais para se matricular no Conservatório Nacional de Música de Lisboa, que viria a frequentar até 1918, ano em que obteve o diploma do Curso Superior de Piano com 20 valores, a classificação máxima.
Ainda como estudante iniciou um percurso artístico amplamente reconhecido nos círculos culturais do País, não apenas como exímio pianista, mas também como compositor, ao ponto de ser considerado pelos críticos da época como um dos mais poderosos talentos da sua geração. João de Freitas Branco refere mesmo que entre as suas peças se encontram páginas surpreendentes num compositor com menos de 21 anos.
Geralmente os musicólogos destacam do conjunto da sua obra os Prelúdios e a Petite Suite para piano, os lieder para canto, as partituras de música de câmara e os Nocturnos, sendo o Nocturno em Ré bemol Maior considerada a sua peça mais emblemática do seu imenso talento como compositor.
Em 2009, os Herdeiros de António Fragoso constituíram a Associação António Fragoso que tem por principal objetivo deixar para as gerações vindouras todo o seu legado, musical e literário, ministrar o ensino musical por todos os meios ao seu alcance e comemorar dignamente o Centenário da sua Morte.

INTERPRETAÇÃO

"In memoriam de António Fragoso - no centenário da sua morte"
Concerto de Encerramento

La Ville Automne - António Fragoso com arranjo de Sérgio Azevedo
Petite Suite - António Fragoso com orquestração de Edward Luiz Ayres dAbreu
Concerto Romântico - António Fragoso com orquestração baseada na Suite Romantique para violino e orquestra por Sérgio Azevedo

intervalo

Nocturno Orquestrado - António Fragoso
Sonata em Mi - António Fragoso orquestrada para piano e orquestra por Rui Paulo Teixeira

FICHA ARTÍSTICA

Orquestra sinfónica ENSEMBLE MPMP
Direção: Maestro PEDRO NEVES
Solista em violino: TAMILA KHARAMBURA
Solista em piano: INÊS ANDRADE

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

Bilheteira do Convento São Francisco
Horário de Funcionamento: diariamente entre as 15h00 e as 20h00
Telefone: 239 857 191
Email: bilheteira@coimbraconvento.pt

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

" Sou homem : nada do que é humano me é estranho "

Escreveu Publio Terêncio Afro, dramaturgo e poeta romano, nascido entre 195-185 a.C. e falecido por volta de 159 a.C.,

terça-feira, 4 de setembro de 2018

O cachorro, recém-chegado a minha casa , adoeceu. Uma virose com um nome parvo , parvovirose , apanhou-o. A seguir às bolandas em que andei , já em casa , o bicho sossegou. Eu ainda tive que lhe cozer o frango e o arroz em água simples, isto é,sem sal , sem azeite, sem mais nada. . Enquanto esperava que a cozedura terminasse , declarei-me. Disse-lhe pelas redes  sociais , que a amava. Não há  tempos como os de hoje para nos aliviarmos das tensões do amor...
Bom dia , Rita !

Já te disse ( escrevi ) , por outras palavras , o que te escrevo agora e que , sinceramente , gostaria de te escrever  (dizer)  outras vezes , tantas quantas as que me deixares  é que te amo   por bastante tempo , mas esse é um desejo meu que não sei se algum dia será satisfeito. ( 'Dum spiro, spero ')

Os limites (os que percepciono e os que já conheço ) do teu espírito e do teu carácter , do teu temperamento e humor ,  das tuas mãos e dos teus gestos , do teu rosto e dos teus olhos , dos teus lábios e da tua voz , do teu corpo, são as linhas fronteira do país imaginário que observo onde habito há uns anos e que se chama, consoante os dias : contentamento , quimera , desejo , sonho , raiva ,  angústia , esperança , amor , admiração , amizade , carinho.

É nele que tenho habitado , afortunado !

Mas o que gostaria ,


sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Amar !
Vejam só o que lhe havia de acontecer. É bom e doce , como sabem , muito saboroso mesmo , não é preciso falar disso , mas talvez não seja coisa dos dias de hoje  nem , porventura , seja o sentimento mais adequado à sua idade , pensou , enquanto andava para trás e para a frente pelo corredor .
Mas o que fazer ?! ...
Certamente nem há idades certas para amar ! , reflectiu. A atracção é coisa inexplicável e o coração não se controla . Por isso , o que era preciso neste momento era aguentar o embate , disfarçar tanto quanto possível e tentar agir discretamente como sempre agiu, repetia em voz alta , agora por toda a casa.
O problema , raios , (mas que inesperado problema nesta altura da sua vida ! ), eram as borboletas no estômago , o tremor das pernas  , a falta de apetite ( na realidade , uma benção ) e  as insónias permanentes. Disto , já ele não se lembrava como era e não estava nada , mesmo nada , preparado para voltar a passar por este género de emoções.

E quando com ela me cruzo na rua ou com ela me encontro no mesmo local .?!... uma aflição risível , um feérico circo de emoções que por vezes me deixa tonto , atarantado ,uma espécie de embriaguez sem ter bebido.

É bom ?! Sim , é bom. Sendo diferente nos efeitos ,é uma droga quase tão boa como viajar.

Porque estais a ler isto?!...
No que a mim me diz respeito , é porque me apeteceu publicar ... ( ficamos um pedacito alterados nestas ocasiões )Se vocês têm alguma coisa a ver com este meu encantamento ?! , não claro

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

O mundo é um lugar repleto de coisas estranhas  , um lugar estranho como se costuma dizer.Desde logo nós próprios , os humanos

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Levantou-se! Olhou para Ricardo com um ar complacente , fez-lhe uma imperceptível carícia na face e sussurrou-lhe ao ouvido : " És um querido ! "  . Caminhou em silêncio até à porta da rua ,pela sala contígua, e , foi-se embora !

A desilusão e o vazio  encheram a saleta onde Ricardo permaneceu imóvel . Parecia que o tecto daquela divisão da casa iria abater -se - lhe  sobre a cabeça
Escrevo-te porque te amo e tenho urgência. Tenho pressa na tua presença,ansioso por sentir bater o teu coração  , em saber-te perto de mim .Mesmo que estejas longe , amor , tenho pressa em saber se queres estar perto , se queres fazer a mesma caminhada. 
O cansaço toma conta de mim e imagino coisas.

domingo, 26 de agosto de 2018

Não sei que horas eram. Podia ser uma qualquer hora , pouco importava. A noite já há muito tinha caído , isso era certo. Entraram na casa em silêncio e dirigiram-se para a pequena saleta , logo ao lado da sala de jantar , onde ele costuma ver televisão ou sentar-se a ler . Os cabelos lisos , soltos , perfumados e pretos , roçaram fortuitamente a sua face no momento em que se aproximaram da porta de acesso àquela divisão da casa e ele a deixou, gentilmente, passar à sua frente . O frémito causado foi de tal ordem que foi como se o universo tivesse parado por uns milésimos de segundo ou uma reedição do terramoto de 1755 estivesse a decorrer.
Não conseguia acalmar-se. Parecia um adolescente em primeira viagem de paixão. Quis comunicar-lhe a imensa alegria ( era muito mais do que alegria) que era ali estar a sós com ela e como o mundo se transformava num lugar mais bonito e harmonioso, justo e pacifico , sempre que estava a seu lado mas ficou mudo. Não durou muito o silêncio ! Para disfarçar o nervosismo e o embaraço patético / cruel de um tímido , começou a falar torrencialmente : do que tinha feito durante o dia , das últimas notícias , do tempo que fizera , da família, o sobrinho engenheiro de sucesso e a irmã professora , do cão que acabara de adoptar , dos ,( muito provavelmente) , irrealizáveis projectos que tinha pela frente, da política em geral e do governo em particular , na expectativa de encontrar o momento ideal para lhe revelar o que por ela sentia. Os segundos tanto pareciam durar uma eternidade como , logo a seguir , pareciam esvair-se à velocidade da luz. Ela respondia , acrescentava , opinava , acompanhando as palavras com gestos suaves e expressivos movimentos das mãos onde ele leu coisas que por certo eles verdadeiramente não diziam.
Mãos elegantes magnetizam-no ! Compõem um bailado peculiar que se torna mais importante que a voz que o acompanha . Podem dizer mais que a boca.
Foi precisamente com aquelas bonitas mãos que Cristina pegou no telefone e ligou à sua amiga Margarida ; logo depois , disse - lhe : " Vou-me embora ".

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

A solidão !
Quase só me lembro de estar sozinho mas nem sempre foi assim: além da família , tive colegas de escola, do liceu e da universidade , com quem convivi mais ou menos intensamente ; uns tornaram  - se amigos/as  ,outros , apenas conhecidos/as ; pertenci a grupos , namorei umas tantas vezes -  não muitas , diga-se - ;  tive colegas de trabalho que foram pessoas muito importantes durante um bom período de tempo da minha vida , mesmo que  , na realidade , nenhuma tenha passado da relação profissional para a da amizade . Com o tempo , naturalmente, os laços foram-se perdendo . Conheci pessoas diferentes quando pratiquei karaté e depois  yoga com quem me dei muito bem e com quem socializei amiúde mas que estão hoje geograficamente distantes ; vivo numa aldeia onde conheço e falo com  quase toda a gente  ....  mas hoje , estou , e sinto - me só.


quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Gostava que as palavras escritas conseguissem transmitir as palavras pensadas.

sábado, 18 de agosto de 2018

Queria conseguir esquecer.Talvez dormir ajudasse mas ultimamente o sono parece ter-se zangado comigo e deixa-me vígil , agitado , entregue aos demónios. 
O que fazer,então ?! Nem pensar em sair que o calor aperta ; ver um filme , ler , ouvir música ... Nada , nada resulta ! Só consigo pensar em ti .Há uma montanha de ti em frente a mim.
... e tu não existes ! Só existe a forma como te penso , como te sinto , como te lembro...
Na dúvida , na indefinição , sentei-me aqui , na expectativa que as palavras encontrem o caminho, o meu e o delas. Não parece coisa fácil mas se deixar os dedos tactear as teclas e fechar os olhos , respirar pausadamente , pode ser que apareças . De cabelos lisos , sorriso leve , mãos elegantes , decididas , que afagam os filhos e lhes alimentam o corpo e falam, falam tão claramente como porventura não fala qualquer outra parte do teu corpo a não ser talvez o teu rosto.
Macio , estreito , suave . E forte !
Deixar que a tua imagem , que me esmaga e me preenche , se dissipe e se transforme , no sonho real das mãos que se tocam , baloiçam e dançam , juvenis , nos lábios que se encontram , o coração que estremece e o olhar que se fixa no olhar e mergulha fundo .
- Espera , não vás ainda !

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Desprendi o olhar pelo horizonte líquido e tecida em água de prata lá estavas tu , nadando , cabelos de seda , lisos, estendidos , como um véu preto

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Parecia um tolo , perdido no meio do café , sem saber o que fazer com o corpo , com as mãos , com a voz. Simultaneamente , contente e aflito - como uma criança largada dos pais na compra dos primeiros rebuçados , pedidos pela própria voz. Um encantamento , uma aflição , uma expectativa ansiosa . Feliz ! Senti-me feliz. Perdido no meio do café que conheço há mais de 40 anos.

domingo, 12 de agosto de 2018

Sim, pensou em almoçar . Passava um bocado da hora habitual mas era domingo , levantara-se tarde e não tinha qualquer compromisso pela frente. Não estava com grande apetite mas mesmo assim foi para a cozinha preparar o que haveria de comer. Não conseguiu tirar da cabeça a mulher com quem falara de raspão na noite anterior e com quem depois cruzou o olhar, em silêncio . Tinha uns amenos e redondos olhos azuis , que o fizeram arrepender-se de não ter prolongado a conversa tida anteriormente mas , naquele instante , nada disseram um ao outro. Percebeu no entanto que ,suspensa no ar , ficara a vontade de ambos de voltarem a conversar. Foi a ideia com que ficou. A mulher que no primeiro contacto em nada lhe chamara a atenção , viria a fixar-se-lhe no pensamento . Arranjou um marinada para a perna de frango que tinha no frigorífico, cortou em metades umas batatas novas e colocou a assadeira, com dois tomates apenas , dentro do forno que começava a aquecer. Lavou a pouca louça que por ali estava , deu comida aos gatos e foi para a sala onde se sentou por um bocado , fumando um cigarro.Depois , voltou à cozinha, pegou nas batatas e no frango , cortou umas fatias de uma courgette da sua horta e foi tudo fazer companhia aos tomates para o quentinho do forno. Já passava das três e meia quando acabou a refeição. Dormitou no sofá com o televisor ligado à sua frente acordando estonteado com o som da campainha , uns vinte minutos depois. Acordava quase sempre bem disposto após estas pequenas sestas mas desta vez despertara de mau humor , sem grande vontade de falar
Ela disse sim,ele também e poderão ser felizes para sempre, pensei. Ainda existe sempre?!, perguntou-me.Acho que sim , respondi,porque raio havia de ter acabado?!. Hoje nada é mais como dantes,olha o que te digo, retorquiu Sim,sim,okay,eu sei disso, mas que interessa agora?!eles têm o sonho vivo e amam-se.

sábado, 11 de agosto de 2018

A dúvida que me aborrece continua. Não podia ser de outra maneira. Tenho que fazer alguma coisa da minha vida. Ganhar dinheiro. Penso em avançar com um alojamento local mas a propriedade não me pertence só a mim e isso deixa-me titubeante. Apesar dos anos passados , a vida que vale , digamos assim , é hoje e amanhã e o túnel do tempo vai afunilando. Alguma coisa tem que ser feita.
Impossível viver desta forma mas não encontro o caminho de outra. Fico então em terra de ninguém , dentro de uma bola de silêncio e dúvida. Não ter um objectivo concreto , um propósito , um porto para onde me dirigir, incomoda e perturba. Sair de casa e ouvir dizer, olha lá vem o vendedor de gelados, o distribuidor de jornais , o médico , o carteiro , electricista ,empresário, o que for. Nada ! Não sei quem sou ! Se vendo ilusões ou compro enganos. Recolho-me em casa . Fico no esconderijo,meio receoso , esperando que o tempo traga uma resposta. Trago-te , pela memória, para ao pé de mim aconchegando a solidão. Não tenho paciência para o jogo social mas sei que é com os outros que se aprende e cresce. Lamento não estar ao pé de ti , poder ver o teu rosto e o teu corpo , ouvir a tua voz . Lamento estar aqui só , triste e descontente , escrevendo como panaceia para a solidão . Devia ir ter contigo ou então ir para um divã de psicanalista ou sofá de terapeuta . Assim não dá! Não vale ! A vida é demasiado curta e rápida para se perder tempo com lamúrias

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Silêncio e vazio. No coração nem uma aragem. De mais fundo , um sopro de angústia
Uma espécie de anestesia deixa-me sem reacção definida em face da situação vivida na serra de Monchique , no lugar de Enxerim, Silves , que vejo através da televisão: há pessoas a serem evacuadas de suas casas , com malas na mão , os haveres possíveis , gnrs a convencerem outras da necessidade da saída dos seus lares de forma muito enérgica , quase brutal , numa correria caótica ... e não imagino bem como seria a minha reacção caso passasse por situação idêntica. Um drama imenso mas preferível à morte Num dos canais , alguns "especialistas" vão debitando as suas perspectivas e teorias sobre o assunto

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Fim do dia. Talvez umas sete , sete e meia da tarde. Bem sei que no verão o final da luz do dia é mais tarde mas para mim , tinha determinado que aquele momento é que marcaria o fim do dia. O céu estava grandemente manchado de fumo cinzento por causa de um incêndio que acabara de deflagrar e se adivinhava sério e feio. Parámos no pequeno café à saída do lugar, para dois dedos de conversa com o dono , um homem de meia idade avançada , que estava quase sempre sentado na esplanada , a fumar o seu cigarro. O espaço , remodelado há pouco tempo , mantinha ainda traços e memórias da taberna de aldeia que sempre fora. Lá dentro , o ar era desagradável , mas na pequena esplanada não se estava mal. Ficámos ali por um bocado . Eu bebi uma cerveja e Ana tomou um café . O dono , António , ocupou-se com uns clientes que entretanto tinham chegado e nós ocupámos o tempo com os smartphones. Entretanto fiz duas chamadas que precisava e de seguida abalámos. Ana sugeriu ir mostrar-me os vinhedos que ali tinham sido plantados há cerca de uns seis anos , quase tantos como os anos da minha ausência naquelas paragens , e depois da visita seguimos silenciosamente até à nossa "casa" temporária. , ouvindo o 'Lamento de Dido' de Purcell que o Carlos estivera a ouvir na noite anterior. Nem o ronronar nem os outros ruídos que o carro antigo fazia na estrada de terra batida , se ouviam. A voz da soprano inundou por completo o habitáculo do automóvel e os nossos pensamentos ficaram submersos sob tão intensos acordes . Não me apetecia que a viagem tivesse fim, pensei. De súbito , um burro zebra começa a correr , urrando violentamente , ao nosso lado acompanhando o movimento do carro até ao canto da propriedade , local onde por certo deve ser habitualmente alimentado. Estaria com fome e aquela podia ser a hora a que normalmente o saciavam pelo que nos confundiu com os seus tratadores. Lamentei não ter forma de amenizar a sua necessidade e continuei conduzindo lentamente o carro pela estrada poeirenta. O sol , encoberto pela espessa nuvem de fumo e já muito próximo de beijar o mar , mais parecia a lua que o astro-rei de tão pequeno que estava. Toquei suavemente na sua mão e Ana olhou para mim.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Ouço a música e a memória é avivada . Inicia-se de imediato um processo mental , porventura disfuncional , que faz com que o pensamento comece a relacionar momentos de diferentes épocas da minha vida. Coisas do passado que se vêm misturar com coisas do presente .

domingo, 29 de julho de 2018

Uma espécie de gemido , quase imperceptível , fez com que parasse e voltasse a cabeça em direcção ao local de onde parecia ter vindo tão inusitado barulho. Nada me podia deter naquela hora senão a possibilidade de alguma pessoa ou animal estarem em sofrimento. A isso não podia ficar indiferente! Afinal não era nada disso. Apenas um pedaço de arame solto raspara na folha do portão.Prossegui, acelerando o passo. O encontro estava marcado para as sete da tarde e , como de costume , já passava da hora e ainda queria tomar banho. Subi as escadas num ápice ,desisti do banho , mudei de roupa assim mesmo suado, depois de ter passado o desodorizante e borrifado umas lágrimas de perfume , desci , peguei na bicicleta e saí. O ar na cara fez-me bem naquele fim de tarde tranquilo em que um carro apenas se cruzou comigo enquanto pedalava em direcção à sua casa. A bicicleta estava-me emprestada por uma amigo e sempre que pegava nela arrependia-me de não o fazer mais vezes porque revivia sempre um prazer juvenil resgatado da gaveta do tempo quando o fazia. Nada de tão saboroso como a recordação dos bons momentos da infância e adolescência e , no que toca a passeios de bicicleta , eram mais que muitas as boas recordações. Sempre fui um garoto tímido e talvez por isso tinha tendência a isolar-me . A bicicleta foi companheira de muitas saídas , ferramenta que ajudou à construção de uma personalidade

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Não sei que horas eram. Podia ser uma qualquer hora , pouco importava. A noite já há muito tinha caído , isso eu sabia. Entrámos em silêncio e dirigimo-nos para a pequena saleta , logo ao lado da sala de jantar , onde vejo televisão e onde costumo sentar-me a ler . Os cabelos lisos , soltos , perfumados e pretos , roçaram fortuitamente a minha face quando nos aproximámos da porta da entrada e a deixei passar à minha frente . O frémito causado foi de tal ordem que foi como se o universo tivesse parado por uns milésimos de segundo. Quis comunicar-lhe a imensa alegria que era ali estar a sós com ela e como o mundo se transformava sempre que estava a seu lado mas fiquei mudo. Não durou muito o silêncio ! Para disfarçar o nervosismo e o embaraço cruel de um tímido , comecei a falar compulsivamente do que tinha feito durante o dia , das últimas notícias e do tempo que fizera . Enchi o espaço de trivialidades anódinas esperando a oportunidade ideal para lhe revelar o que por ela sinto. Enquanto escutava o que me dizia ,li e reli , nos movimentos das suas mãos , o que por certo eles verdadeiramente não diziam. Mãos elegantes magnetizam-me ! A certa altura o seu bailado torna-se mais importante que a voz que o acompanha . As mãos são muito reveladoras da personalidade e reflectem a beleza interior de uma pessoa , tanto ou mais que os olhos ou o sorriso . Quase todas as pessoas de mãos bonitas e elegantes são bonitas e elegantes . Não obstante , conheço pessoas bonitas de mãos 'feias' .  Telefonou à sua amiga Margarida enquanto eu tirei um café mas a chamada não foi atendida e continuámos a conversa

terça-feira, 24 de julho de 2018

O céu misturava as cores fortes de fim de dia com nuvens algodoadas, agarradas umas nas outras, numa desordem perfeita como só a natureza é capaz de fazer. As pessoas que ali sentadas esperavam o início do espectáculo , talvez sem que disso dessem nota , estavam sob um silencioso manto de respeito e tranquilidade que , quase sempre , acontece nas horas mágicas dos entardeceres de verão. Pouco mais queria que sentir a tua proximidade , saber-te ali , perto de mim , respirando o mesmo ar . E lá estavas! Percorri os limites do largo , tentando perceber pelo rosto dos presentes o seu estado de espírito e , gravando escondido atrás da câmara do telemóvel , fui entendendo como o cerimonial montado imprimia uma postura educada e civilizada a todos os circunstantes. Olhei de novo o céu , com a luz do sol descendo para ocidente , umas nuvens cinzentas a norte e uma expectativa silente que corria para sul , lenta , achei que o cenário era quase perfeito. De dentro da casa começaram surgir os primeiros acordes

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Somos cadáveres adiados , façamos o que fizermos enquanto cá andamos. É redutora esta visão mas as coisas são mesmo assim. Há a questão do estilo , da forma como caminhamos , que , para quando nos cruzamos com desconhecidos na rua , é tudo o que temos sobre o outro. Os gestos, de uma suavidade penetrante e a indumentária , algo retro , despertaram a atenção de quem com ela se cruzou e a que eu também não escapei. Quis observar-lhe o rosto escondido debaixo do elegante chapéu preto e torneei discretamente a coluna do edifício com esse propósito. Creio que a magra senhora não notou essa minha manobra uma vez que as flores ali expostas ajudaram mais ainda à minha ocultação. Percebi um rosto fino , não muito velho mas em que se anteviam , através das marcas sulcadas na pele , problemas de saúde

domingo, 15 de julho de 2018

Ronaldo vai para a Juventus , pago a peso de um insultuoso ouro. A Juventus pertence ao mesmo dono da FIAT , um gigantesco império industrial do ramo automóvel , espalhado e conhecido em todo o mundo. Parece que alguns dos seus trabalhadores se revoltaram pelo obsceno ordenado pago ao jogador português enquanto que a grande maioria dos operários da construtora de automóveis recebe salários baixíssimos , a roçar o nível da subsistência . A indústria do futebol roda e evolui em carris especiais , praticando salários exorbitantes e desconectados do "real" valor de troca do trabalho produzido por quem os aufere . A questão é que produz um produto religiosamente adorado por milhões de pessoas por esse mundo fora , mas que não se come , não se veste , não cura , não protege , que não é , em suma , essencial .

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Tudo perto e , ao mesmo tempo , tudo longe. Perco imenso tempo na busca do tempo gasto , dos passos dados , das conversas tidas e , mesmo sabendo do esforço inglório e estúpido , sempre o exerço. O cansaço , quando toma conta de mim , deixa-me escravo e servil. A cabeça cede e uma outra qualquer força fica no comando. Então é tempo inutilmente vivido !

domingo, 8 de julho de 2018

Seriam umas onze da noite quando me aproximei daquelas duas moças que se exprimiam numa língua estranha e de aspecto difícil , carregada de erres secos e de outros sons invulgares ao luso ouvinte
É como se voltasse a ser adolescente de novo , agora que a meia idade está por um fio. É estranho , mas não faz mal! E esta sensação trouxe-me à memória uma frase ouvida ontem à noite: "A vida é circular", disse a dada altura , Gisela João na apresentação de uma das canções do espectáculo . É um tanto assim. Parece que caminhamos em frente , por uma linha imaginária , avançando , mas às tantas andamos em círculos , repetindo , em diferentes fases da vida , as mesmas coisas , aquelas coisas fundacionais e básicas : o amor , o ódio , a amizade , a zanga , o sorriso , o choro , o arrependimento , o contentamento ... , como se tudo estivesse , inverosímil e anacronicamente , a acontecer pela primeira vez. É estranho , mas não faz mal ! Sobre os círculos ( e a sua simbologia ) há tratados vários: da matemática à astrologia , passando pela antropologia e religião. Afinal a terra é uma esfera que ao rodar incessantemente sobre si própria imprime uma permanente e continua repetição a que nenhum ser vivo escapa.Como poderia eu escapar?!...

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Um dia grande , foi o de hoje . Junho , Julho e Agosto proporcionam-nos dias assim. Começa-se bem cedo e aí por essas dez da noite parece ter-se vivido uma eternidade. Nem lembramos bem o que fizemos tantas foram as coisas que se sucederam. Lembro-me de ter lido em Camus , no " Estrangeiro " , que bastava viver um dia para haver recordações para o resto da vida. Talvez para o escritor fosse realmente suficiente , dado o seu génio , mas para uma pessoa comum a frase vale pela chamada de atenção para a enorme dimensão que um dia normal pode ter. São muitas as coisas que nos podem acontecer num dia apenas mesmo que nada de extraordinário nos suceda. Basta estar minimamente atento ao que os nossos sentidos vão captando. Se eu me esforçasse podia ser que conseguisse sacar da minha memória os trechos mais significativos do dia de hoje. Foi cedo que começou. Enfrentada e ultrapassada a angústia de mais um despertar solitário , sem ninguém a quem desejar um bom dia , que me causa sempre grande perturbação , lá decidi sair para uma caminhada higiénica . Do estado do tempo já não consigo recordar-me bem , o que me irrita um pouco dado ser sinal de falta de limpidez da memória
É uma questão de segundos ou de menos ainda. Há um instante , fugaz e irrepetível , que nos afasta da verdade ou melhor , do ser-se sincero e do começar-se a ser falso. O timing é fundamental . Controlar o tempo do olhar , o tempo em que a mão aperta a outra ou a face encosta na outra aquando da despedida , faz toda a diferença. Ele dirigiu-me , na despedida , aquelas palavras sentidas de agradecimento pela minha presença ao mesmo tempo que me pedia desculpa 'por qualquer coisinha' e eu , que estava realmente agradecido pelo belo jantar que me havia proporcionado , demorei mais do esse tempo necessário para a retribuição sincera e real e rapidamente escorreguei para a falsidade das regras que a sociedade estabelece para estas ocasiões .Uma estupidez ! Fi-lo por descuido , por excesso de zelo , nem sei bem porquê e depois , sem querer , incorporei a máscara . Estraguei o instante ! Trquei o genuíno sentimento de gratidão por um postiço salamaleque de simpatia ensaiada.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

O telemóvel tocou precisamente quando me concentrava no que ia escrever. Tive que me levantar , caminhar até à cozinha , voltar e sentar-me de novo no sofá. Facilmente me desconcentro. Sempre foi assim! Qualquer coisa , por menor que seja , é capaz de desviar a minha atenção e o rumo dos meus pensamentos.É uma espécie de sistema de alarme que de tão sofisticado, chega a ser ineficiente. Por isso , não sei bem já o que aqui me trouxe.Mesmo assim vou continuar escrevendo na expectativa que as palavras encontrem os pensamentos. Acabei o jantar comendo uma gigantesca quantidade de gelado que agora sinto como uma pedra dentro do estômago. Uns segundos na boca , umas horas vadiando entre o estômago e os intestinos e , o que não acaba em merda , permanecerá longo tempo dentro de nós moldando a silhueta com formas mais arredondadas. Aquela inesperada chamada desviou-me do rumo previamente traçado.

terça-feira, 3 de julho de 2018

A Suécia ganhou à Suiça ?!
As notícias , principalmente as da televisão , recentram-me com o mundo. Tenho consciência que a televisão transformou-se numa droga , aparentemente leve , mas com consequências pesadas. São , afinal , anos disto. Desde os meus 6/7 anos que a televisão é minha companhia , faz parte da família ( que não tenho hoje mas que tive no passado) , como membro efectivo , quase sanguíneo

domingo, 1 de julho de 2018

Nunca tive jeito para socializar. Já o escrevi antes. Tudo começou na tenra idade e ainda hoje se manifesta. Freud , Jung e outros têm razão. A infância é como uma grande folha em branco onde se inscrevem indelevelmente as primeiras emoções , reacções , impressões.Podemos levar uma vida inteira a tentar apagar os riscos feitos nessa folha. Ás vezes com sucesso outras vezes sem grande sucesso.
Nem queria acreditar ! Ali sentado , assemelhando-se a um buda , estava um homem que eu nuca antes vira , num banco que também não sei como ali aparecera. Nesse exacto instante , pensei na minha vida e em todo o percurso que me levara até àquele momento. Só um grande esforço de memória que me fizesse recuar muitos anos no tempo e uma capacidade que talvez não tenha de o transcrever em palavras é que tornaria possível narrar a minha caminhada.Tentarei num outro local mas isso não é fácil. A memória deixa-se afectar pelo estado de espírito e ao mesmo tempo vai-se desgastando com a passagem dos anos. Sim , mas era enorme o homem ! Só passado um bocado é que percebi , pelas suas explicações , que a obesidade mórbida de que padece foi fruto de um acidente em França. Até há bem pouco tempo atrás , disse-me , era uma pessoa normal. É tramado ! Julgamos as pessoas pela sua aparência e tratamos logo de as arrumar numa gaveta específica dos nossos preconceitos e juízos prévios. Foi isso que me aconteceu ! De imediato o meu cérebro arrumou aquela personagem na gaveta das pessoas a evitar e não mais falaria com ela se não fizesse um esforço para me contrariar e derrubar a barreira dos meus preconceitos . Faço este exercício muitas vezes . Fiquei então ali um bocado à conversa descobrindo coisas sobre a vida daquela pessoa. Entretanto , quando tive que me ausentar , cruzei-me com um outro homem ,que não voltei a encontrar quando regressei , que deixou em mim uma curiosidade grande. Conversámos apenas poucos minutos mas os suficientes para perceber que se tratava de uma pessoa interessante , com mundo atrás de si,apesar de ser um pouquinho imprecisa, percebi um pouco depois. Trabalha em Inglaterra há quase trinta anos , na Royal Air Force e por causa do seu trabalho já viajou por boa parte do mundo. Nasceu pobre mas pareceu-me que já não o é. Procura um canto em Portugal para viver a sua reforma ou mesmo para antes desse período , caso o Brexit lhe complique a vida e o obrigue a sair do Reino Unido antes do tempo. A vida tem destas coisas : em locais e momentos inesperados podem acontecer - nos alguns encontros marcantes mesmo que fugazes . Se os soubermos aproveitar , enriquecemos . Seriam umas dez da noite quando isto se passou. O futebol terminara havia pouco tempo com a derrota de Portugal frente ao Uruguai e eu vinha ligeiramente triste.

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Há uma irritante e profundamente enervante sensação que vem aquando da tomada de consciência das consequências funestas , fruto de irreflectidas decisões anteriores. Todas as decisões assumidas acarretam consequências, sabemos isso! Como vulgarmente se diz , implicam um preço a pagar. Nalguns casos a irreversibilidade é a pior das consequências . Noutros , é percebermos como fomos ingénuos , estúpidos ou imponderados quando tomámos essas decisões e isso , por ter algumas características da irreversibilidade , também é mau e incómodo.
São longos os dias de Junho. Quando os acabo já não me lembro de como os comecei . É para mim um pouco estranha mas é uma boa sensação.

domingo, 24 de junho de 2018

Se algum dia escrever um livro , muito provavelmente , chamar-se-á " As intermitências da vida "
Talvez porque : - o futebol não é o meu desporto favorito - o que se diz , escreve ou televisiona sobre futebol , raramente me interessa fiquei estupefacto com a gigantesca dimensão nacional que a 'telenovela' Sporting atingiu. Sociólogos , psicólogos , tudólogos , por favor , dêem-me uma ajuda !!
do seguinte , do anterior , do paralelo ou oblíquo , o amor vem ou nunca partiu, como a brisa marítima ou a água da fonte que não secou ; vem , vai , retorna , vai de novo

sábado, 23 de junho de 2018

https://www.youtube.com/watch?v=b_YHE4Sx-08
Os dias de hoje têm esta coisa curiosa ( de certeza , já estudada e teorizada ), que é a de termos momentos de forte solidão e , ao mesmo tempo , sabermos que não estamos sózinhos , por que estamos conectados. Não só pelo pensamento ( coisa ancestral ) mas por todos estes aparelhos que hoje não dispensamos: tablet, smartphone , laptop , ... O mundo virtual , a realidade virtual , faz cá vez mais parte de nós e da nossa vida.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Numa sociedade decente , isto provavelmente não acontecia . Numa sociedade que pretendesse ser decente , este gajo já estaria engavetado , os seus bens arrestados e a justiça já andaria a remeter para a prisão outros tantos como ele. Em Portugal , não. Por aqui , discute-se 1º , a violação do segredo de justiça , depois faz-se um prós e contras para auscultar a opinião pública ,a seguir longos debates televisivos com os melhores experts do mundo na matéria , entretanto a kafkiana tramitação legal andará a passo de caracol, passados uns anos haverá o julgamento de uns personagens menores também implicados na coisa , que se safarão e seguirão suas vidas com grandes sorrisos nos seus nobres focinhos , entretanto surgirão outros casos , igualmente cabeludos , indignos e escandalosos , e os filhos da puta , desculpai o meu francês , que roubaram , desviaram e enganaram , continuarão a fazer as suas vidinhas douradas e confortáveis , bem à frente da populaça , que tem outras preocupações bem mais importantes , como o futebol e o tempo , não tendo espaço , portanto , para assuntos deste jaez , que aliás, diga - se , é lá com eles . Em Portugal a justiça é uma miragem.